X Workshop de Sanidade em Piscicultura e II Feira Nacional da Piscicultura Fenapis

Parlestrantes do X Workshop de Sanidade. De cima para baixo: Emerson Esteves, Gianmarco David, Breno Davis, Natália Leitão, Carlos Leal
Parlestrantes do X Workshop de Sanidade. De cima para baixo: Emerson Esteves, Gianmarco David, Breno Davis, Natália Leitão, Carlos Leal

A décima versão do Workshop de Sanidade em Piscicultura, o tradicional evento que, pelo segundo ano consecutivo, acontece juntamente com a Feira Nacional da Piscicultura (Fenapis), aconteceu no início de julho no Centro de Convenções da Unesp, em Jaboticabal, SP. A escolha do tema desse ano – “Melhoramento genético e boas práticas de manejo: unindo esforços para eliminar doenças na piscicultura” – foi bastante acertada e permeou toda a programação.

Este ano a Fenapis contou com 25 empresas expositoras e apresentou uma enorme variedade de produtos e serviços, recheados de tecnologia. As empresas apresentaram diferentes sistemas de aeração, uma variedade grande de alimentos voltados para as diversas fases de crescimento, alevinos melhorados, vacina, suplementos, probióticos, equipamentos para monitorar a qualidade da água, caixas transportadoras, software para controle de engorda, telas e estruturas de tanques-rede, e até uma extrusora de ração.

Para a abertura do evento, o presidente da Peixe-SP e diretor da empresa Peixe Vivo, Emerson Esteves, preparou um painel da aquicultura, com destaques para o Estado de São Paulo. Falou da importância que representa a nova legislação e mostrou os passos para obtenção da licença. Disse que o estado tinha apenas oito projetos licenciados antes do decreto, assinado em novembro passado, e hoje já são mais de 400. Lembrou que o prazo para que todos aquicultores se cadastrem vence em 31 de outubro, e que será severa a fiscalização, com multas, a partir de 1 de novembro. Para Emerson, São Paulo se caracteriza por ser um estado produtor de tilápia em tanque-rede. E um dos problemas, principalmente para os pequenos produtores, era a falta de uma espécie adequada para ser utilizada em viveiros escavados e a presença do panga na lista de espécies permitidas, publicada recentemente, veio pra resolver esse problema. Na opinião do presidente da Peixe-SP, os produtores de São Paulo não podem ficar reféns de uma única espécie, e lembrou que o vírus TiLV é neste momento uma grande ameaça para a indústria da tilápia.

Gianmarco Silva David, pesquisador da APTA – Polo Centro Oeste, mostrou dados da pesquisa que realiza para caracterizar a forma como as pisciculturas interagem com o meio ambiente, e influenciam as modificações na qualidade da água. Apresentou estudos feitos em cinco pisciculturas, com coleta de amostras antes e depois dos empreendimentos, analisando nutrientes e plâncton. Entre as conclusões, ficou claro que as fazendas ajudam a reduzir o fitoplâncton, o que pode ser muito interessante para os corpos d´água.

Breno Davis, da empresa Geneseas, ao ser convidado para falar sobre o mercado garantiu que os principais entraves que o setor tinha há 3/4 anos atrás, não estão mais aí. Disse que o setor tem tudo para dar certo e que a aquicultura é, com certeza, o melhor setor para se estar no momento, e sugeriu três caminhos para o crescimento da aquicultura do país. O primeiro deles é o direcionamento para a exportação, partindo de um produto “comoditizado”, de baixo custo, semelhante aos que estão sendo produzidos por vários países. E o Brasil sabe fazer isso, garantiu Davis, lembrando dos grãos e outras proteínas que exportamos. “Mas, para isso é preciso produzir em grande escala e baixo custo, e não é simples, porque envolve certificações e atendimento a exigências internacionais”, disse. O segundo caminho é ganhar o espaço hoje ocupado pelos peixes importados e peixes nacionais congelados. Segundo Breno, o consumidor nacional pode deixar de comer uma posta de cação para comer uma costela de tambaqui; pode deixar de comer uma merluza para comer um pintado. O terceiro caminho é o aumento do consumo, seja ele roubando o consumo de outras proteínas, ou aumentando o consumo natural, aproveitando a onda health (saudável) que estimula o aumento do consumo. “Basta estimular a indústria para que disponibilize cada vez mais produtos práticos que induza o aumento do consumo”, concluiu.
Outra importante apresentação foi a de Natália Leitão falando das práticas de larvicultura intensiva, das dificuldades e dos desafios encontrados quando se produz as espécies nativas, por serem peixes que não aceitam rações desde o início. Natália falou dos protocolos de manejo e da biologia dessas espécies. Esse estudo é realizado há anos pelo grupo de pesquisa liderado pela professora Maria Célia Portella e a apresentação feita pela Natália Leitão foi um presente, um deleite, para a plateia que lida com a produção de larvas e alevinos.

Merece destaque também a brilhante apresentação do professor da UFMG, Carlos Leal, que selecionou abordagens aplicáveis ao campo ao falar dos “Novos e velhos patógenos de importância na tilapicultura”. Carlos focou basicamente as estreptococoses e as mudanças do comportamento das ocorrências, que antigamente eram comuns apenas no verão, mas que agora também acometem peixes no inverno, e falou dos diferentes sorotipos presentes no país. Falou também da franciselose, uma doença comum no inverno da Região Sudeste, que o produtor tem dificuldades de reconhecer sinais para tratamento; e abordou aspectos relevantes da TiLV. Falou também das muitas similaridades que a tilapicultura brasileira tem em relação a que é praticada na Tailândia, principalmente no que se refere a doenças. E lembrou que a TiLV neste momento afeta a produção tailandesa.

À exemplo dos anos anteriores, quem bateu o ponto no evento de Jaboticabal, saiu de lá com a mochila lotada de conhecimentos e ideias. Para o próximo ano o evento já está confirmado para o período de 11 a 13 de julho de 2018.