O Instituto de Pesca (IP) do Estado de São Paulo realizou mais uma Reunião Científica (ReCIP), um evento bienal que viabiliza o contato entre especialistas, profissionais, pós-graduandos e graduandos, favorecendo o aprendizado, a discussão e a reflexão sobre problemas e soluções para a pesca e aquicultura do Estado de São Paulo e do Brasil.
A XII ReCIP foi realizada mais uma vez nas dependências do Parque da Água Branca na capital paulista, e proporcionou aos participantes, dos dias 5 a 7 de abril a oportunidade do contato com especialistas do país e do exterior. Nesta edição o evento contou com a participação de 116 inscritos e a apresentação de 66 trabalhos na forma de resumos expandidos. O evento desse ano foi marcado também pela comemoração dos 48 anos do Instituto de Pesca, uma das seis instituições que compõem, juntamente com os 14 polos, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Sessões Técnicas
A XII ReCIP ofereceu uma programação diversificada com temas da aquicultura e da pesca. Nas sessões técnicas que compõem a programação, mereceu destaque a palestra de Geert Wiegertjes, pesquisador da Wageningen University, uma verdadeira aula sobre imunologia de peixes, com a descrição dos complexos sistemas de defesa de diversas espécies. O editor da Panorama da AQÜICULTURA, Jomar Carvalho Filho, também ministrou palestra, cujo título foi: “Aquicultura Brasileira: até quando continuaremos fazendo mais do mesmo?”. Os problemas relacionados ao Mexilhão Dourado foram abordados pela pesquisadora Daercy Ayrosa, e o produtor Martinho Colpani falou dos modelos de sucesso na produção comercial de peixes. Ricardo Shohei Hattori, pesquisador visitante da Unidade de Pesquisa de Campos de Jordão do Instituto de Pesca, abordou a biotecnologia reprodutiva na piscicultura e falou do potencial das técnicas de manipulação sexual e barriga de aluguel. Os participates puderam ainda ter o prazer da presença do professor da UNISANTA, Miguel Petrere Jr., um dos maiores especialistas em sustentabilidade de ecossistemas, que falou sobre as lições aprendidas com o manejo da pesca continental e perspectivas. Danielle de Carla Dias, pesquisadora visitante do Instituto de Pesca e uma das Coordenadoras da XII ReCIP, apresentou detalhes do projeto Probiótico de Tilápia, que contemplou a coleta de material biológico em todos os principais polos de produção desse peixe. A programação da ReCIP foi bastante diversificada, e fechou com a palestra do diretor presidente da Peixe-BR, Francisco Medeiros, que falou sobre a atuação da associação.
Zebrafish
A comemoração dos 48 anos do Instituto de Pesca incluiu a exposição itinerante “Plataforma Zebrafish: a construção de uma rede”. Desenhos, fotografias, projeto gráfico e comunicação visual integram a mostra, que retrata formas de uso do peixe como modelo de pesquisa, além de curiosidades sobre o animal, como a explicação de suas cores e tamanhos. Segundo a coordenadora Mônica Lopes-Ferreira do Instituto Butantan, depois de instalada no Instituto de Pesca de São Paulo, a exposição percorrerá outras 21 instituições brasileiras, componentes da Rede Zebrafish.
O zebrafish (ZF), conhecido também como paulistinha ou peixe-zebra, recentemente foi introduzido com êxito no meio científico. Esse teleósteo tropical de água doce, da espécie Danio rerio, vem atraindo a atenção da comunidade científica por ser de pequeno porte, de manutenção fácil, ter alta taxa reprodutiva e possuir o seu genoma sequenciado, com razoável semelhança com os mamíferos. O zebrafish tem um desenvolvimento rápido e seu ovo evolui para larva em um período de 48 a 72 horas. Aos três meses de vida já pode ser considerado adulto. Além disso, a transparência que os embriões apresentam em estágio de larva facilita a avaliação detalhada de estruturas e sistemas orgânicos. O Instituto Butantan (www.butantan.gov.br), referência no manejo e criação do zebrafish, foi quem organizou a exposição. O zebrafish pode ser utilizado em pesquisas científicas em diferentes áreas, como virologia, toxicologia, psicologia, regeneração de tecidos, tumores, manipulação genética e agentes terapêuticos.
Parceria
Durante a cerimônia de encerramento foi assinado pelo titular da Pasta de Agricultura Arnaldo Jardim, o diretor do IP, Luiz Ayroza, e Sidney José Lima Ribeiro, diretor do Núcleo de Inovação Tecnológica da Unesp o termo de reiteração de compromisso já firmado entre a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e a Secretaria de Agricultura, por meio do Instituto de Pesca (IP), para o registro de patente relacionada à pesquisa e desenvolvimento do produto relacionado ao “Processo de Obtenção de Hidrolisado de Glicose através de Macroalgas Marinhas”. O diretor do IP, Luiz Marques Ayroza, lembrou que a ReCIP 2017 ocorreu em um momento de grande efervescência para o Instituto de Pesca, com a inauguração da nova estrutura do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Pescado Continental, na qual foram investidos R$ 4,71 milhões pelo Governo do Estado. São 10 tanques de alvenaria com 200 m² de área; 16 tanques escavados com 300 m² e uma represa com seis mil m² de área e 2,5 a 3,5 metros de profundidade, que serão destinados à produção de juvenis de tilápias”, comemorou. Ayroza destacou ainda a importância dos encontros regionais realizados em vários pontos do Estado de São Paulo, com o objetivo de esclarecer aos piscicultores sobre o esforço que vem sendo realizado pela Secretaria de Agricultura, no sentido de desburocratizar, simplificar e baratear o processo de registro da atividade de aquicultura.