Editorial_edição 46

jomar2

Um dos melhores argumentos para tornar a venda de peixes algo bastante fácil, acaba de ser publicado na respeitada revista médica inglesa The Lancet, e desta vez não está relacionado com a saúde do corpo e sim, com a da mente.

Um estudo bastante curioso, estabeleceu uma relação direta entre a “felicidade” e o consumo de peixes. Ficou aprovado que nas nações recordistas em consumo de pescado, o percentual de queixas médicas relacionadas a depressão é quase insignificante se comparado ao dos países onde se come pouco peixe. No Japão, por exemplo, onde cada pessoa consome em média 1,5 kg de peixes por semana, somente 0,1% da população sofreu problemas de depressão psíquica. Já na Alemanha, onde cada pessoa come em média 250 g. de peixes por semana, uma em cada 20 pessoas (5%) queixou-se de depressão.

Além de ser curioso, o resultado dessa pesquisa traz um argumento forte para estimular o consumo de pescados, até porque no Brasil, a média semanal de consumo per capita é de somente 122 gramas. Deprimente, não?

Intrigada com essa dificuldade dos brasileiros em optar pelo pescado na hora de comprar proteína animal, Ivonete Müller, truticultora e proprietária da Prestofish, foi a luta e se plantou por diversas vezes em frente das bancas de pescados para tentar delinear o perfil desse consumidor. Logo surpreendeu-se ao constatar que os jovens não estão comprando peixes e que a grande maioria dos consumidores é acima dos 45 anos.

Para Ivonete, o preparo do pescado consome um tempo importante no dia-a-dia das pessoas jovens, economicamente ativas que, sem abrir mão da qualidade, buscam alimentos de preparo fácil e rápido.

Na verdade, vai longe o tempo em que as galinhas eram mortas e depenadas nos quintais. Até porque, os quintais também estão desaparecendo.

E não há quem discorde que comer peixe está associado a um ritual que termina, invariavelmente, com um peixe limpo e uma cozinha suja de escamas, vísceras e alguém de mau humor limpando.

É bem possível que hoje, quem criar galinhas e quiser vendê-las vivas ao consumidor, vá a falência. Será o mesmo para os peixes?

Ivonete e Carlos Alberto Müller não quiseram esperar para ver. Diante das dificuldades no dia-a-dia da comercialização, partiram para o processamento de suas trutas e o resultado não pode ser melhor, pronto para ser saboreado nesta edição.

Mas são muitos os caminhos que levam a um bom processamento dos pescados. Por isso, convidamos a Dra Marília Oetterer, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da ESALQ-USP e uma autoridade nesse assunto, para falar sobre eles.

Também nessa edição, que precede um inverno ainda enigmático pós El Niño, trouxemos a opinião de especialistas em patologia para falar sobre a saúde em épocas de mudanças climáticas bruscas.

O leitor encontrará também a segunda parte do artigo de Fernando Kubitza sobre a qualidade da água, legislação e diversos outros temas úteis no cotidiano de todo aqüicultor.

A todos uma boa leitura,

Jomar Carvalho Filho – Biólogo e Editor